Uma reportagem publicada nesta quarta-feira, 7 de dezembro, no jornal espanhol “El País” afirma que o Brasil enviou “uma mensagem contraditória” para o resto do mundo ao aprovar no Senado o novo Código Florestal
O jornal salienta que a aprovação do código “que flexibiliza as regras para preservar a vegetação e abre a porta para uma anistia para os que foram condenados por delitos de desmatamento, que contribuem para a mudança climática”, veio apenas um dia após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciar que a área desmatada na Amazônia no último ano até agosto foi a menor desde 1988.
“O novo código colocou em pé de guerra amplos setores do mundo científico, cultural e artístico brasileiro. A votação no Senado ocorreu com vários dias de atraso por causa do enfrentamento entre os senadores ambientalistas e os ruralistas, e pela avalanche de emendas apresentadas ao Código”, diz a reportagem.
“Tantas objeções de última hora ao código, que vinha sendo discutido há dois anos e meio, são o puro reflexo da polêmica desatada no Brasil”.
Desmatamento maior – Ainda na Espanha, o andaluz “ABC” chama atenção para a aprovação da lei “que deixa vulneráveis 400 mil quilômetros quadrados da Amazônia, um quinto dela”. Para o jornal, seria como desmatar “uma Alemanha e uma Suíça inteiras”. “Mas há pesquisas que apontam que a área em perigo é de 700 mil quilômetros quadrados, quase uma Espanha e meia desmatada”, afirma a reportagem.
“De nada serviram os alertas de diversas organizações não governamentais nacionais e internacionais, ecologistas e da comunidade científica brasileira frente ao poder da indústria agropecuária brasileira no Congresso.”
Nos EUA – Nos Estados Unidos, o “Wall Street Journal” observou que o código “divide a nação” e levanta “preocupações em relação aos custos ambientais da estratégia do Brasil de empregar seus vastos recursos naturais para gerar crescimento econômico”.
“Nos últimos anos, o Brasil abriu novas minas na Amazônia e está investindo dezenas de bilhões de dólares na construção de imensas usinas hidroelétricas na Amazônia para colher o potencial energético dos rios da floresta”, nota a reportagem.
Devido às mudanças sofridas no Senado, o Código Florestal precisa voltar para a Câmara e seguir para a análise da presidente Dilma Rousseff, que pode sancionar ou vetar trechos do texto. Em sua reportagem, o “Wall Street Journal” chama atenção para o “dilema político” que a tramitação do Código ainda criará para Dilma.
“A legislação está de acordo com a visão desenvolvimentista de Dilma, mas sancioná-la corre o risco de alienar os grupos ambientalistas no seu partido de esquerda, que já prometeram pressioná-la para vetar partes do Código.” (Fonte: G1)
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