Em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de magnitude 9,3 no litoral da Indonésia causou um tsunami em quatro países do Oceano Índico, engolindo tudo em sua passagem e levando com ele 220.000 vidas.
Toda a região se viu afetada e entre as vítimas figuraram milhares de turistas estrangeiros.
Há dez anos não existia qualquer sistema de avaliação ou advertência. Muita gente demorou a se dar conta de que era preciso encontrar rapidamente um refúgio nas partes mais altas e outras ficaram paralisadas diante do mar, que primeiro retrocedeu e depois avançou como uma paredão de água sobre elas.
As autoridades, convencidas de que teria sido possível salvar muitas vidas, colocaram em funcionamento há três anos um sistema de alerta regional.
Mas agora alguns especialistas e familiares das vítimas dão o alerta. Segundo eles, a lembrança daquele dia de horror está se diluindo e com isso os esforços para se preparar para este tipo de desastre.
“A maioria das pessoas querem esquecer, eu entendo. Mas acho que é muito importante recordar o que aconteceu por motivos de segurança”, declara Mathias Mann, depois de depositar uma coroa de flores em um cemitério da Tailândia, em homenagem a um amigo alemão morto na tragédia.
Cerca de 20 minutos depois do tremor, as ondas atingiram as costas de Aceh. Algumas tinham 35 metros de altura. Nesta zona, morreu a maioria das 170.000 vítimas indonésias.
Duas horas depois, o tsunami chegou à Tailândia e ao Sri Lanka, onde matou 31.000 pessoas.
“Atuávamos às cegas, sem nenhum tipo de sensor no Oceano Índico”, recordou Charles McCreery, diretor do centro de alerta de tsunamis no Pacífico.
Criada em 2011, a rede de mareógrafos (que medem o nível do mar), de boias oceânica em águas profundas e monitores sísmicos é usada para advertir os países sobre um tsunami iminente.
Foi colocada à prova há dois anos e funcionou. Depois de um terremoto em Sumatra, todos os países foram advertidos em 12 minutos.
Além disso, 24 países da zona colocaram em funcionamento seus próprios centros de alerta nacionais.
Na Tailândia, onde morreram 5.395 pessoas, foram instaladas 129 torres que estão conectadas a um centro de vigilância em Bangcoc
Uma onda gigante ativa as sirenes e alertas em vários idiomas. Alguns funcionários também recebem mensagens de textos com ordens de evacuação.
Mas em Khao Lak , uma zona balneária apagada do mapa há dez anos, os sinais que recomendam correra para as partes mais altas desapareceram.
Os sistemas de alerta precoce são um grande avanço, mas não bastam, afirma Kerry Sieh, professor da Universidade de Nanyang, em Cingapura.
“Além disso, é preciso educação da população e infraestruturas adequadas”, acrescenta.
Em Aceh, os colégios preparam os alunos, mas alguns adultos não querem nem ouvir falar do tema, lamenta Muhamad Dirhamsyah, da Agência de Prevenção de Catástrofes.
“Quando fizemos um exercício, recebemos muitas queixas. Os adultos são reticentes em educar as gerações futuras”, constata.
Em Phuket, mesmo nos hotéis destruídos há dez anos, a falta de motivação é um fato.
“As pessoas não levam as simulações a sério”, admite Chalachol Buthrem, chefe da segurança do Hotel Holiday Inn Resort.
O perigo, no entanto, é real. Depois de 100 anos de calma, em dez anos houve seis terremotos de magnitude superior a 7,9 na zona, explica McCreery.
“Hoje, todo mundo sabe o que é um tsunami, mas se houver um longo período de calmaria, vamos esquecer”, conclui. (Fonte: Terra)
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