É a maior queda pela atual série histórica do IBGE, iniciada em 1996.
Num período mais longo de medição, que considera a antiga série histórica do instituto (que tem metodologia diferente), foi o maior ajuste de despesas dos lares desde 1991. A maior queda até aqui havia sido registrada em 1998 (-0,7%).
O resultado interrompe 11 anos de crescimento ininterrupto do consumo da família, movimento impulsionado pela ascensão social dos brasileiros, programas de transferência de renda e farta oferta de crédito de bancos públicos.
Segundo economistas, as famílias cortam a despesas para enfrentar um quadro de deterioração econômica, como aumento do desemprego, menor renda, a inflação elevada e o custo mais caro do financiamento.
Nesse quadro perverso, a confiança do consumidor brasileiro foi ao chão. É a menor desde 2005, início da série histórica de uma pesquisa do Instituto de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Essa redução no consumo afetou variados ramos da economia, desde as vendas de automóveis, passando por produtos da linha branca (geladeira e máquina de lavar) a até mesmo a alimentação fora de casa.
E o mau sinal é que o comportamento continuou recessivo no quarto trimestre do ano passado. O consumo das famílias recuou 1,3% frente ao três meses imediatamente anteriores e 6,8% ante igual período de 2014, segundo dados divulgados pelo IBGE.
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Com o resultado de outubro a dezembro, as famílias estão reduzindo gastos há quatro trimestres consecutivos, superando a sequência da virada de 1997 para 1998, período marcado pelas crises da Ásia e da Rússia.
Para a consultoria Rosenberg Associados, o consumo das famílias seguirá pressionado neste ano por conta de uma retração ainda maior do crédito e do mercado de trabalho. A consultoria prevê queda de 4,3% no consumo.
Thais Marzola Zara, economista da Rosenberg Associados, diz que recuperação do consumo das famílias depende de uma queda mais contundente da inflação, o que permitiria uma redução dos juros básicos no país.
"Aos poucos, a confiança poderia ser retomada e, num passo seguinte, poderíamos ver alguma retomada de investimentos e melhora do mercado de trabalho. O início da virada se dá pela queda da inflação", disse ela. (Fonte: BRUNO VILLAS BÔAS/GUSTAVO PATU/UOL/Folha SP)
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