A experiência de meio século lidando com desastres provavelmente salvou milhares de vidas no Japão depois do terremoto desta sexta-feira, mas nem mesmo esse bem organizado sistema de reação foi capaz de impedir uma devastação generalizada
Um novo balanço das autoridades japonesas eleva para ao menos 385 o número de mortos no tremor. A polícia confirma 185 mortes, segundo a agência de notícias japonesa Kyodo. Outros cerca de 200 ou 300 corpos foram encontrados na cidade costeira de Sendai, a mais próxima do epicentro.
O terremoto originou ainda um tsunami com ondas de sete metros que devastou a parte leste do país e deixou ainda mais de 800 feridos e 547 desaparecidos.
O número de vítimas, contudo, deve aumentar ao longo das próximas horas, quando as equipes de resgate conseguirem chegar a todas as áreas atingidas. As autoridades temem que o número final de mortos ultrapasse mil.
A maioria das vítimas provavelmente se afogou na enxurrada marítima que varreu tudo no seu caminho. A própria palavra tsunami é japonesa --significa "onda do porto"--, o que indica a longa e às vezes trágica experiência do país com esse fenômeno.
O sistema de monitoramento de terremotos e de alerta de tsunamis no Japão está entre os mais sofisticados --e caros-- do mundo, algo compatível com um país riquíssimo e muito propenso à atividade sísmica, que tem em média um terremoto fraco a cada cinco minutos. A lei obriga, por exemplo, que os edifícios sejam construídos de modo a suportarem tremores de terra.
O sistema de monitoramento foi modernizado várias vezes desde a sua criação, em 1952, e especialmente depois que, em 1993, um terremoto de magnitude 7,8 provocou um tsunami de 30 metros de altura que devastou a costa de Hokkaido. Naquela ocasião, a agência meteorológica do país divulgou um alerta, que no entanto chegou tarde demais para centenas de pessoas mortas na tragédia.
Hoje, o serviço de alerta de tsunamis tem pelo menos seis centros regionais enviando sinais de 180 estações sísmicas em todo o Japão, e cerca de 80 sensores colocados no mar enviam informações 24 horas por dia para o Sistema de Observação de Tsunamis.
Para espalhar rapidamente eventuais alertas, a Agência Meteorológica do Japão e a imprensa desenvolveram um sistema que coloca os avisos nas telas de TV assim que eles são recebidos.
Além disso, os alertas são enviados às autoridades locais por um sistema via satélite, que complementa as comunicações terrestres. As autoridades locais ativam sirenes e sistemas de alto-falantes, e também decidem se é preciso ordenar a remoção da população.
O Japão possui ainda inúmeros diques e comportas de concreto para proteger portos e zonas costeiras em todo o país, mas os especialistas dizem que isso nem sempre é suficiente para evitar grandes danos --e em alguns casos pode até piorar os prejuízos, por impedir o escoamento da água.
PREÇO ALTO
O sistema de alerta custa cerca de US$ 20 milhões por ano. Mas prever um tsunami é apenas parte da batalha. Igualmente importante é conscientizar as pessoas sobre os riscos em áreas nas quais tsunamis são raros.
Mesmo no Japão, há quem chegue até a praia para dar uma olhada depois dos alertas de tsunamis, e muitos ignoram os alertas porque frequentemente os tsunamis chegam sem provocar ondas perigosas.
Localizado no chamado "Anel de Fogo" do Pacífico, uma faixa de grande atividade sísmica e vulcânica ao redor desse oceano, o Japão sofre aproximadamente 20 por cento dos terremotos mundiais com magnitude igual ou superior a 6,0.
Em 1896, um sismo de magnitude 8,5 na localidade de Sanriku deixou --junto com o tsunami subsequente-- mais de 22 mil mortos no nordeste do Japão. Outro terremoto de magnitude 8,1, também causando um tsunami, matou 3.064 pessoas na mesma região em 1993.
Em 1995, mais de 6.400 pessoas morreram devido a um tremor de magnitude 7,3 em Kobe (oeste). Depois disso, o governo reforçou as regras para as edificações e ampliou sua capacidade de reação a desastres.
(Fonte:Folha)Terremoto no Japão seguido de Tsunami,Veja video em anexo.
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