O risco de bolha imobiliária vem atormentando algumas pessoas e já começa a esfriar o mercado, com números recentes mostrando queda na velocidade de vendas de algumas das principais incorporadoras com ações negociadas na Bovespa.
Segundo Gustavo Borges, integrante da equipe de análise da XP Investimentos, no entanto, o Brasil não corre risco de passar por uma bolha imobiliária nos próximos anos. A crença é baseada no comparativo do cenário pré-bolha de alguns países como Estados Unidos, Portugal, Espanha e Irlanda com o Brasil. “O cenário brasileiro é bem diferente dos países que tiveram o estouro da bolha.”
Uma das diferenças apontadas refere-se ao crédito imobiliário do Brasil. Borges afirma que apesar do crescimento nos últimos anos, o nível de crédito no País é ainda muito baixo, representando apenas 8% do PIB (Produto Interno Bruto). Nos países analisados, o indicador chegava no mínimo a 60%. “Nos EUA, por exemplo, em 2008 o nível de crédito era de 86%.” Na Irlanda, o nível de crédito é de 81,5%; em Portugal, de 63,2%; e na Espanha, de 62%.
Borges destaca também o percentual de inadimplência do crédito imobiliário, que é de 1,8%. O indicador abaixo de 2% se deve, segundo ele, à lei de alienação fiduciária, que permite a transferência da posse de um imóvel para o banco credor como forma de garantir o cumprimento do pagamento do empréstimo. “Isso traz uma garantia muito grande. Antes quem adquiria a casa própria e não pagava muito dificilmente o desocupava. Hoje, não existe a menor dificuldade.”
Borges aponta ainda a dificuldade da liberação de crédito pelos bancos. No Brasil, a exigência de renda para os tomadores é grande, assim como o processo burocrático. A pessoa precisa provar que tem condições de pagar. “Aqui não se contrai crédito sem garantia, como aconteceu nos Estados Unidos.” Além disso, ele acrescenta que a Caixa Econômica Federal, só disponibiliza linha de crédito para aquisição do primeiro imóvel. “Você não pode comprar quantos imóveis quiser.” Isso faz com que o brasileiro compre imóvel somente para morar e não para investir, evitando o excesso de alavancagem e o risco do sistema bancário.
Preços
Em relação aos preços dos imóveis no País, que para muitos é o principal indício de princípio de bolha imobiliária, Borges argumenta que no Brasil, o mercado imobiliário é cíclico, com períodos de alta e baixa. Para ele, a expansão dos preços nos últimos anos se deve ao crescimento do crédito, impulsionado pela classe média.
Ele explica que no Brasil o déficit habitacional ainda é grande e com a expansão do crédito mais pessoas tiveram a oportunidade de comprar a casa própria, o que contribui para o aumento dos preços. “A maioria que compra imóvel é para morar, um ou outro compra para investir. Ninguém vai vender a casa própria para morar de aluguel se o imóvel tiver valorização.”
Borges não descarta a possibilidade dos preços dos imóveis recuarem nos próximos anos, mas, mesmo assim, ele afirma que não é um sinal de bolha imobiliária. “Queda de preço e bolha são completamente diferentes.” Para ele, no cenário brasileiro a queda seria gradual e não acelerada como aconteceu em países que passaram pela bolha. “Sinais de crise econômica podem acelerar este processo, mas mesmo assim é completamente diferente.”
A desaceleração na valorização dos imóveis já está ocorrendo. Segundo IVG-R (Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Financiados), medido pelo Banco Central, nos últimos dois anos, o preço dos imóveis no Brasil subiu menos. De 2008 a 2013, os imóveis residenciais tiveram valorização média de 155%. Até 2011, a cada ano, os preços subiram mais de 20%. Comparando os valores de janeiro de 2013 com o de 2012, a valorização foi de 10%.
Por fim, ele destaca que as pessoas estão assustadas com a possibilidade de bolha devido à comparação de preços dos imóveis no Brasil e no exterior. Para ele, esta comparação é sensacionalista e infundada, isso porque a falta de infraestrutura do Brasil faz com que os imóveis bem localizados tenham um preço muito superior ao dos outros países.
“Não se pode comparar um imóvel no Leblon com um castelo na França. No Brasil não tem transporte suficiente. No exterior, as coisas são eficazes, a distância, por exemplo, não interfere no custo da moradia. Infelizmente, no Brasil 90% das coisas são mais caras.” (Fonte: Karla Santana Mamona/InfoMoney)
Leia também:
Conheça os sorteados da promoção de Natal da Aicita
Veja Mais noticias sobre Economia