Nesta quinta-feira, 6 de novembro, a presidente Dilma Rousseff (PT) concedeu entrevista em que reconheceu que o aumento da inflação é um problema e prometeu, ao falar aos quatro principais jornais do país, que vai realizar cortes nos gastos governamentais para ajudar a controlar o aumento dos preços.
Dilma disse que o governo vai ter de "fazer o dever de casa" e apertar o controle sobre a inflação, informaram os jornais Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo em seus sites. A presidente também prometeu analisar os gastos do governo "com lupa". Dilma ainda falou sobre possíveis cortes nos ministérios e um ajuste fiscal.
Confira os principais pontos da entrevista, de acordo com a XP Investimentos.
(1) Inflação - "Nós temos problema interno com a inflação." Dilma disse que "não pretende mexer nos intervalos de tolerância da meta de inflação", nem tampouco no seu centro, atualmente de 4,5%.
(2) Ajuste - "Várias contas podem ser reduzidas", e que ela promete "olhar com lupa". Em seguida, criticou a defesa de austeridade do PSDB. "Essa visão de corte de gastos é similar àquela ideia maluca de choque de gestão. Eu não vendo o que não consigo entregar."
(3) Corte de ministérios - Segundo ela, uma redução no número de pastas não traria economia real e ainda afetaria áreas envolvidas no plano de concessões, como portos e aeroportos. "Não tiro o ministério da Micro e Pequena Empresa nem que a vaca tussa". Já a "Pesca não saiu do chão ainda. Ela vai decolar".
(4) Gastos - A presidente não quis especificar quais contas reduzirá, mas apontou como opção mexer nas regras de pensão por morte, tornando-as mais rígidas, e nas regras do seguro desemprego, hoje "um grande patrocinador de fraudes". Sobre abono salarial, não quis sinalizar o que poderia fazer. Depois, brincou: "Eu vou levar em consideração a sugestão da imprensa".
(5) Tarifaço- "Onde é que está o tarifaço? Ele já aconteceu! Essa história de que nós represamos [tarifas] é lorota. Ao longo do ano inteiro houve pagamento pelo uso de [usinas] térmicas. O governo suavizou um pouco para não ser aquele impacto." Ela não inclui na sua conta o financiamento tomado pelas empresas de energia, que deverá impactar na conta do ano que vem.
(6) Crescimento - "Esse é o grande desafio nosso, e eu não acho que tem uma receita prontinha que nós devemos segui-la à risca para crescer", disse. Mas prometeu "não desempregar". "A minha esperança é que o Brasil terá uma recuperação. Enquanto isso, espero que o mundo também tenha."
(7) Ministro da Fazenda - segundo Dilma, ela não fez nenhum convite para o ministério. Quando perguntada sobre Luiz Trabuco, ela respondeu: "eu conversei com ele uma vez [desde a eleição], eu não minto, ele me disse simplesmente que me cumprimentava e, como sempre, ao longo de todo o processo, que estava disponível para ajudar no que fosse necessário, não significando isso que ele estava se oferecendo para nada. Ele estava sendo gentil, da mesma forma que o Abílio Diniz". Ela prometeu anunciar sua nova equipe econômica ao retornar do G20, sem definir data exata.
(8) Crise mundial - "Os emergentes têm ainda espaço para voltar a crescer", afirmou, sem deixar de avaliar que um quadro mais permanente de queda no preço das commodities internacionais afetará "feio a América Latina", que pode "sofrer" com redução de demanda.
Questionada se o ano de 2015 verá um "tsunami" ou uma "marolinha", para usar o termo de Lula, disse: "Não bota isso na minha boca porque isso foi de um outro momento, de início da crise". (Fonte: Lara Rizério/InfoMoney)
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