Ao mesmo tempo em que os senadores iam falando, falando, falando, e por vaidade e capricho atrasavam a votação definitiva do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff para hoje, no início da tarde, a economia nacional mostrava algumas facetas de sua cara feia, o moinho no qual foi triturado o mandato de Dilma e principal desafio do presidente Michel Temer.
Já há indicações, registradas com diferentes frequências nos dois, três últimos meses que a situação econômica parou de piorar, em boa parte pelo clima de expectativas positivas geradas entre os atores econômicos pela possibilidade de mudança de governo acesa pelo impeachment. Porém, o andar da carruagem é lento e o preço dos desarranjos ainda está sendo exposto em sua inteireza. Numa demonstração de que é preciso correr com os ajustes.
Os sinais de alerta:
1. Em seu pior resultado histórico, a taxa de desemprego medida pela PNAD Contínua, do IBGE, chegou a 11,6% em julho. O número de desempregados – 11,8 milhões também é recorde.
2. O rombo do governo central (Tesouro, Previdência e BC) em julho a R$ 18,6 bilhões, o pior resultado num mês de julho desde o início da série histórica em 1997. O saldo negativo da Previdência até julho está em R$ 72,3 bi, uma alta de 67,2% em relação ao ano passado.
Não é sem razão assim que Temer, em conversa com a colunista Míriam Leitão, de “O Globo”, anunciou que vai mandar a proposta de emenda previdenciária para o Congresso ainda em setembro - antes, portanto, da eleição municipal. Quer demonstrar que o governo está ciente do tamanho do problema e que não se renderá a interesses políticos e corporativos para tentar uma solução para ele. Até o fim do ano mandará também da reforma trabalhista.
A solução mais duradoura só virá no médio prazo em diante, mas Temer quer provar vontade e força política, para afastar as desconfianças quanto a isso que ainda pairam na sociedade. “O que eu quero é deixar a economia melhor e o Estado pacificado, sem a divisão que encontrei”.
Outra notícia também um tanto negativa, pelo menos nada do agrado do mundo empresarial, virá no fim desta noite: apesar de a economia ainda estar rateando, não será desta vez que o Banco Central mexerá na taxa básica de juros. A chamada Selic permanecerá no 14,25% atuais e só deverá começar a se mover, de fato, em dezembro. A não ser que a inflação mostre rapidamente um comportamento mais civilizado, coisa que o Copom ainda não vislumbra totalmente. A “Folha de S. Paulo” diz que Temer só conta com juros menor em 2017.
Depois de empossado, Temer faz um discurso de posse e embarca imediatamente para a China, para mostrar o novo governo na reunião do G-20 e em busca de negócios com os chineses. No discurso hoje deverá fazer um diagnóstico duro da situação do país, mas acenará com esperanças de dias melhores.
Preocupado com a imagem, usada pelos adversários de que está cortando nos sensíveis programas sociais, indicará os cortes nessa área que Dilma fez e mostrará que já está recompondo alguns deles. É intenção do governo, também, até meados de setembro, anunciar os seus próprios programas, conciliando cortes e concessões. A PEC do Teto de Gastos vai ganhar um capítulo especial nesta fala.
Em tempo – Previsões sobre o placar do impeachment logo mais: entre 58 e 62 votos contra Dilma. (Fonte: José Marcio Mendonça/InfoMoney)
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