Na terça-feira, 13 de março, o ator reestreia no palco do Teatro Faap "Cruel", versão de "Os Credores", de August Strindberg, criada e dirigida por Elias Andreato
Em julho do ano passado, quando o ator foi diagnosticado com um linfoma raro, o espetáculo teve sua temporada cancelada. Após hiato de oito meses, a tragédia moderna, escrita em 1889 pelo autor sueco cujo centenário de morte acontece este ano, ganha ares de celebração.
"Acredito que a cada dia vencemos alguma coisa, nos superamos. Retomar 'Cruel' significa dar continuidade a um sonho planejado há algum tempo, entre amigos", diz Gianecchini à Folha.
"Se o retorno de Giane aos palcos é emocionante para todos nós, imagine para ele. É um momento de festa, de comemoração", completa Elias Andreato.
Gianecchini confessa achar estranho interpretar o vilão de "Cruel" justamente nessa fase de vida que define como um renascimento.
Gustavo, seu personagem, foi traído e abandonado pela esposa (Teka, interpretada por Maria Manoella). Ele retorna ao antigo lar para vingar sua dor. Manipula Adolfo (Erik Marmo), o atual marido de Teka, envenenando-o de ciúme.
Para Andreato, a experiência de voltar à cena é importante. "O teatro tem poder de cura", acredita ele. "Quando você está frágil, é o último lugar onde quer estar. É preciso muita energia para se expor num palco. Por isso mesmo, o teatro realimenta. Criar e produzir fortalece."
Segundo o diretor, energia é algo que não está faltando em Gianecchini.
Andreato afirma que a recomendação era que o ator começasse devagar, com apenas uma apresentação por semana, mas não teve jeito. "Ele está empolgado, quis fazer duas sessões, como fizemos quando estreamos."
E também quer viajar com a peça. "Eu já era fã de Giane. Ele é determinado, talentoso e generoso. Fiquei ainda mais quando vi o modo com que ele lidou com a doença".
GUERRA DOS SEXOS
Em junho, o ator retoma suas atividades televisivas. Inicia as gravações de sua próxima novela na Globo, o remake de "Guerra dos Sexos", sucesso dos anos 1980 escrito por Silvio de Abreu.
Os ensaios de "Cruel" começaram na segunda-feira passada. Segundo Andreato, o trabalho árduo já foi feito quando da estreia da peça. "Só tivemos que retomar, reaquecer", diz.
"Cruel" volta exatamente como estreou. O cenário e os figurinos de Fábio Namatame, a iluminação de Wagner Freire, o elenco e a equipe técnica da peça se mantêm.
A única mudança se dá no visual do personagem de Gianecchini, que ressurge careca. "Mas os olhos, o sorriso e a energia são os mesmos", enfatiza Andreato. "Estou em casa", conclui Gianecchini.
Serviço:
CRUEL
QUANDO seg. e ter., às 21h, e nesta qua., às 21h; de 13/3 a 15/5
ONDE Teatro Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/xx/11/3662-7233)
QUANTO R$ 60
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
(Fonte: GABRIELA MELLÃO/Folha)
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